#Uai_Fi_Bar

Vim visitar minha mãe no interior de Minas Gerais. Nas últimas noites comecei a escutar sons, músicas, risadas e conversas vindos da rua de onde, num passado não tão longínquo, depois das dez ouvia-se, o uivo do vento, o miado de um gato atravessando o telhado, no máximo os passos de alguém que fez hora extra na fábrica e que voltava depressa para casa. “Depois das dez a cidade morre”, dizia-se por essas bandas. Abro a porta e vejo espalhados pelas calçadas e no meio-fio dezenas de adolescentes iluminados, na noite quente sem luar, pela luz do celular, mais ou menos em frente a um barzinho aqui do lado. “O bar tá fechado, mas o wi_fi tá aberto uai”.


Flor vermelho sangue

O golpe não é um golpe. São golpes. Golpes diários. Sucessão ininterrupta de golpes. Ameaças anônimas de ataque a pessoas e a instituições. Agressões verbais e corporais. Falsificação histórica. Precarização total dos direitos trabalhistas. Mercantilização dos direitos sociais (em pauta: diminuição do SUS, cobrança em Universidades Públicas, destruição da Previdência). Cerceamento de liberdades. Invasão de tekohas. Mineração desenfreada. Abdicação de todo e qualquer interesse nacional estratégico. Liberação indiscriminada de agrotóxicos cancerígenos. Perseguição a professores. Cortes drásticos na educação. Amor por armas e ódio por livros. Golpes e mais golpes até que a situação não seja mais de golpes, mas de uma sociedade profundamente golpeada, prostrada, se perguntando quando o golpe aconteceu. Não há um golpe. Há golpes e eles estão aí, presentificados de formas diversas em nossas vidas, enquanto, uns mais outros menos, acreditamos ainda, talvez devido a um hábito nefasto, em uma certa “normalidade democrática”. Golpes e mais golpes e mais golpes. Evaldo dos Santos Rosa, Luciano Macedo, Kauã Victor Nunes do Rozário, golpeados com tiros de fuzil pela Ordem. É preciso aguentar? É preciso resistir? É preciso cuidar do jardim? Mas até quando regá-lo com sangue negro, indígena, com sangue de milhões de brasileiros aprisionados no hoje, sem expectativas, numa batalha inglória para garantir tão somente o pão do amanhã? É preciso defender a democracia ou ela existe por si só? É um valor abstrato ou uma expressão concreta de uma sociedade que transforma em valor sua luta por direitos, assim como reconhece a luta dos mortos da história que acreditaram, e por isso foram assassinados, por acreditarem , que esta terra poderia ser diferente, não esse mar de lama e sangue, de ódio e rancor. Vêm-me à memória José Cláudio Ribeiro da Silva e a sua esposa Maria do Espírito Santo, assassinados por defenderem a Floresta [https://youtu.be/i60vlrrRpfA] Uma democracia pode existir exposta a tantos golpes? Pode haver, afinal, uma democracia não cerceada pelos ditames do mercado, pela truculência dos ignóbeis? Faz ainda algum sentido falar em democracia neste país?


Frio

Nestes tempos cabisbaixos de (tentativas seguidas de) aniquilação preventiva de todo e qualquer horizonte de expectativa, de (seguidas manobras de) destruição do que permanece em presença resistente à deterioração do próprio presente, enxergo o idoso caído, a cabeça apoiada sobre um saco de lixo (talvez com roupas e com um ou outro objeto que lhe restou – ou encontrou – em sua caminhada pelo labirinto da noite sombria que quer tomar conta de todo país). À procura (há dias, meses, anos?) de uma saída resta-lhe – no fio tênue e cortante do hoje – entregar-se ao cansaço (de uma vida?) ou descansar para (combater?) o (terror?) que à existência se discursa como: urgência, reforma, medida amarga, gestão eficiente, salvação do país, mas não passa de preparação (técnica, jurídica, etc.) para a ampliação das populações matáveis, a serem deixadas expostas ao desabrigo, à repressão, aos fuzilamentos, à fome, à morte. Chovia e ventava durante a manifestação. Ele gesticula, trêmulo diz algo que não ouço à princípio. Aproximo para escutar: – não quero dinheiro não. Quero um cobertor. Estou com frio.


::: um nome :::

Tento lembrar seu nome. Escavo as grutas da memória. Perfuro as paredes do tempo, alcanço as linhas do seu rosto, seu cabelo, pele, corpo, movimentos, pausas, hesitações e decisões. Quase ouço a sua voz. Mas onde está a palavra etérea que designa o conjunto do seu ser? Seu nome: o nome que seus pais lhe deram. Seu nome registrado em cartório. Seu nome seguido de um sorriso depois de pronunciado. Faço listas de nomes, nenhum deles parece ser o seu. Tento o alfabeto. A, B, C… Nenhuma letra me leva a ele. Nenhuma letra traz seu nome a mim. Sei que tens um nome. Qual? Qual é o seu nome? Um nome entre todos os demais nomes, o seu nome. Te vejo em sonhos. Te vejo numa praça imaginária. Te vejo de joelhos na Igreja. Te vejo com sono. Te vejo adormecer. Te vejo desparecer. Fantasmático, obscuro, enigmático nome. Talvez nunca tenha sabido seu nome. Talvez você nunca soube meu nome. Não, não é possível, ao menos uma vez ele foi dito. No dia em que nos conhecemos provavelmente. E depois perdemos nossos nomes por um tempo até nos perdemos para sempre. Se ao menos eu ouvisse seu nome sendo dito por alguém. Sentiria que é, enfim, seu nome? Mas seu nome ninguém diz ou eu não escuto quando é dito. Percorro a lista telefônica, o facebook, o twitter, sites de nomes, perscruto nome a nome. Nenhum é o seu. Ninguém é você, mas você é alguém com um nome. Não que o nome seja mais importante que sua existência. Na verdade, o nome é só uma exterioridade, uma palavra que envolve o corpo vivo. Um nome consagra o sagrado. Mas se insisto nessa busca ensandecida é porque sinto que ao proferir seu nome revelar-se-á o indizível. Seu nome oculta um mistério, um lugar, uma possibilidade, um sentido perdido, um mapa. Seu nome escapa assim como o meu nome lhe escapa? Uma distância se abre. Um abismo se põe entre o desejo de nomear e a impossibilidade de o fazê-lo. Seu nome na ponta da língua se ausenta na eternidade. Escalo montanhas, atravesso florestas, enfrento feras, mergulho em mares profundos, atrás de seu pequeno nome. Seu nome me chama sem dizer meu nome. É provável, começo a desconfiar, que quanto mais eu busco mais me afasto dele. Quando encontrá-lo, se encontrá-lo, rirei. Seu nome será tão simples, tão obvio, como são todas as coisas belas da natureza.


::: (Des-)culpa :::

Cidade agitada: ecoa na manhã o grito da madrugada. Ar elétrico: chove frio em Agosto: “mês do cachorro louco”, dizem. Um – movido por imperativos categóricos – crê – nesta altura do fim do mundo – a pureza da razão, da sua razão. Que razão há no que crê numa moral superior, mesmo depois de ter sido condenado por ela? Razão? Moral? Sujeito transcendental? Consenso? Razão. Prefiro a loucura do cachorro. Que razão há nestes motores em disparada pelas ruas? Que razão há no carro que furou o sinal ontem e quase arrancou minha perna direita? Um passo atrás antes do estraçalhamento final. Ainda tive tempo de observar o desespero no rosto da carona. Quanto ao motorista não o vi, deveria ser um fantasma como quase todos os motoristas da cidade sempre atrasados para nada ou para aquilo que é importante hoje e esquecimento amanhã. Parece-me que estamos a um passo do estraçalhamento, que vai ser imediatamente esquecido assim que ocorrer. Acostumar ao estraçalhamento é o à priori da razão do XXI? Espero que seja uma impressão ruim, uma afecção destes meses que enfraquecem as vidas enfiando goela abaixo uma tristeza, um temeroso discurso, um circo sem palhaço, um blues: um caos, um medo, um grito: perdidos na rua. Enquanto isso, no cemitério crianças caçam pokémons e nas ruas somos caçados por policiais e fascistas, tanto faz, mas deve ser só impressão, representação – de algo bem pior – que se liga mal à imaginação, perturbando corpo e espírito, ou ainda mais daquela crise de representatividade que insiste em Brasília, tanto-faz-tanto-fez. Talvez o fantasma seja eu – ou você – e assim é melhor para nossa pujante democracia, pátria amada brasil e sangue escorrendo no meio-fio. Alguém grita fora temer e viva o espírito olímpico! Tem alguém batendo na porta. Quem é? Não é ninguém, só mais um desses embrulhos com ressentimento dentro que não param de chegar às casas de alguns brasileiros desde a última eleição e que quando aberto toca a introdução do hino nacional com gritos terríveis ao fundo, como uma fita k7 gravada sobre outra desde 1964 … O embrulho é também sinônimo de jornal (do povo, garante a propaganda). Mas tudo bem, penso seduzido pela falsa consciência de que está tudo realmente bem. Tudo bem? Tudo bem responde o hábito de dizer tudo bem. Até as flores mortas do velório da “democracia” estão lindas. Respiro monóxido de carbono e sigo em frente. Tudo bem? Tudo e com você? Há ainda bastante besteira até a verdade se mostrar: e se ela for monstruosa? Vai temer? Vai encará-la com os olhos que dispõe? Afinal é tudo culpa do … E, finalmente, agora que temos – cínicos moralistas – como aquele que se vê como um Kant tropical de esquerda pronto para denunciar toda e qualquer corrupção – o culpado por cinco séculos de desgraças – para que se mover? E assim de culpa em culpa, de culpado a culpado, encontramos a desculpa ou a culpa perfeita, para não mais viver a própria vida e – pior – infectar de culpa tudo o que quer viver diferentemente, atribuindo-lhe, por analogia, todas as culpas atribuídas ao Grande Culpado, ao Corrupto, ao Doente, a Doença que deve ser extirpada. Se isso não é o fascismo me diga o que é, mas não atrás da mais nova neo filosofia reacionária que – capturado – quer me capturar como se dela fosse saltar um outro mundo livre de corrupção (um céu cristão cheio de anjos de olhos azuis?) Não, obrigado, o espírito absoluto pode ser bem perigoso às vezes. Batem à porta. Deve ser outro pacote de culpa. Atende para mim. Ou foi você quem mandou?


Aylan Kurdi

Conheci há alguns meses um grupo de refugiados sírios que abriram um pequeno comércio próximo à Praça Tiradentes. Entre eles há um que fala inglês e recebe os fregueses. Os outros escutam atentamente e percebo que já aprederam a dizer o preço dos seus produtos: “e treis reals” ou algo assim. Entre um shawarma e um za’atar esse que fala inglês perguntou-me: “is there terrorism in Brazil?” Respondi que não (embora, pensando bem, deveria ter dito que temos uma absurda violência policial que é exercida contra pobres, negros…). Enfim disse que não porque sabia que ele estava se referindo ao terror praticado pelo Estado Islâmico em seu país. “I hope you never have terrorism in Brazil”, falou-me por fim com uma expressão triste na superfície do olhar, mas também confiante nas suas profundezas. Ele e os homens se entreolharam. Ficamos todos em silêncio. Talvez volte qualquer dia desses para falar do terrorismo da polícia militar brasileira e também do terrorismo dos ruralistas contra os indígenas. Hoje passei rapidamente lá perto e vi que, diferentemente dos outros dias em que só haviam homens adultos, havia também um menino. Pensei em Aylan Kurdi.


ontem todos os meus problemas não estão tão longe

Ontem pela primeira vez precisei de hospital em Curitiba e às 3h me pergunto : “há algum hospital público no Centro que atende a estas horas?” . As ruas estariam vazias se não fosse homens vagando com cobertores cinzas me perguntando as horas sob um nevoeiro fantasmagórico sobre as ideias e a cidade. Não acho nenhum hospital e me descubro conversando com um taxista que “a estas horas somente em Campo Comprido você poderá ser atendido a não ser que você tenha um plano de saúde”. Pensei, olhando para o taxímetro acelerado: “o público é intermediado pelo privado, mas a morte é pública”. Sim, a morte é pública. Enquanto aguardava ser atendido, senhores e senhoras não paravam de chegar morrendo no Centro Municipal de Urgências Médicas de Campo Comprido. Na saída, através do nevoeiro vi uma igreja e um táxi surgindo. Aceno, entro, olho para o taxímetro acelerado enquanto novamente o público torna-se privado. O problema é seu, a vida e a morte também. Aprendi muito com aquela senhora que chegou entre a vida e a morte desacordada em uma velha cadeira de rodas empurrada pelo seu marido aflito, aprendi sobre solidão com aquele senhor que estava na emergência desacompanhado e queria ir ao banheiro. Público e privado se embaralham, vida e morte também. O que é público? O que é privado? O que é vida? O que é morte? O que é é às 3h da manhã lá em Campo Comprido. Deve ser o nevoeiro gelado sobre as ideias. A morte pública daquelas pessoas pode ser tanto a minha própria morte privada agora e pública depois quando forçado ao longo de uma vida de humilhações pelas estruturas do capital a me tornar exatamente o que sou. Não! É preciso resistir, combater, aniquilar a morte pública e isso passa por uma luta radical durante a vida e pela vida nem que ao fim e ao cabo essa luta se resuma no direito de ter uma morte digna e que não seja às 3h em Campo Comprido.


menino de pensão

enquanto a garoa fina caia no crepúsculo morno iluminada pelos faróis e pelos olhos verde-brilhantes do vendedor de guarda-chuva decidi que me mudaria.

a lua minguante brilhou entre nuvens negras.

– ela mora aqui?
– sim no segundo andar; pode colocar a bicicleta no corredor.

apertei uma mão no quarto sala & senti teu cheiro antes.

– assim que as marcas do outro na parede forem passado te ligo.
– até hoje só havíamos nos falado por telefone.
– tem lavanderia; a cozinha e o banheiro são coletivos.

na televisão algo que não consigo perceber conscientemente.

– não tenho muita coisa, alguns livros, roupas.
– você é estudante?

“para ver tv é preciso estar fora do ar”, penso.

– há um guarda-roupa, cama. vou por uma mesa lá.

sobre o criado mudo comprimidos marrons iluminados por raios catódicos.

– tenho que pagar um mês adiantado, né?
– isso mesmo. quando você sair não tem dívida.
– um ponto para você se conectar.
– ela é meio rabugenta, mas puxa-saco dos moradores novos.
– você vai ver que até parece que ninguém mora aqui de tão silencioso; é de propósito.

– acende a luz pra gente conversar melhor.


Sujeitos indeterminados

Uma tragédia por dia basta.

Caiu – se jogou – ah! tanto faz! – da janela do quinto andar defronte ao Guaíra e não era teatro nem canção da Legião Urbana.

13:42. Amintas de Barros. Ed. Flamengo, 439.

– 30 anos.

– Zelador.

– Caiu.

– Pulou.

– Você o conhecia?

– Não.

– Depois da queda, como se fosse possível viver um pouco mais, ainda caminhou.

– Está é a segunda tragédia que acontece com ele. Aquele negócio no rosto.

– Eu viajo por todo país. Já vi cada coisa. Perna prum lado da estrada, braço na contramão.

– Não dá para saber se dói.

– Até acidente de avião presenciei. Fiz dois treinamentos de primeiros socorros. Já vi cada coisa nessa vida.

– Todos morreremos.

– Carne esmagada. Acidente de caminhão e moto é feio.

– Não adianta fugir uma hora …

– Nunca imaginei que meu pai morreria. Quando teve AVC levei um susto.

– A hora da morte não está no relógio.

A maca com o zelador:  corpo empoeirado, camiseta com a sujeira captada ao longo da queda, musgos, folha seca, calça jeans, tênis preto rainha.

– Ainda está vivo.

A boca fala sangue.


Outros outonos

O sol brilha no rio cheio de esgoto. Um homem, terrivelmente inspirado pelas emanações das águas fétidas, escreve encostado numa árvore  resplandecente. Outro, de bicicleta,  é atropelado perto da ponte.  Mais adiante, à esquerda,  parado no meio da pista, cercado por carros, vestido com trapos sujos, mais outro e, conversando com outro na esquina, um outro, cabelo-armado-amarelo-torrado-pelo-sol, aproveita quando fecha o sinal para fazer alegres malabares com limões para os outros.

Decidi ir à pé. Caminho apressado. Tenho que chegar cedo. Primeiro dia de trabalho. É inevitável não olhar a realidade.

Avenida. 32 graus!  Blusão preto sobre lã e camisa por baixo. Sinto-me um extraterrestre.

– Você sabe onde fica a?

– Não sei  não.

– Obrigado.

Do lado direito da calçada um bairro pobre.  Muito lixo colorido fruto de coleta amontoado nas vielas. Uma mulher na laje recolhe roupa do varal. Um jovem descalço pilota uma moto com uma menina morrendo de rir na garupa sem capacete.

“De manhã quebrei um equipamento de inalação”, lembro. “Que vacilo”. “Pressa”

– Não fica mal com isso não
– É a pressa. Desculpa …
– Sussi.

– Que horas são aí mano? Um cara de jaqueta jeans desbotada e olhos embaçados pergunta.
– Uma e trinta e cinco.

Centenas de automóveis enfileirados. Sinto-me – à pé – fora do contexto da sociedade do automóvel . “Nem parece mais uma avenida”. Cruzo-a até a metade e encontro no canteiro central um jovem pai que carrega uma criança nos braços envolto em uma cobertinha azul acompanhado de sua também jovem esposa. “Talvez estejam vindo do hospital”; “Ou indo para”; “ou nada disso”.

Atravesso.

– Você sabe se tem entrada para a … por aqui?
– Ali na frente… Explica reticente a moça cujo rosto não lembro mais  no ponto de ônibus.

Digo para o guarda da:

– Sou o … da ..
– Não. Não sou.
– Não! Sou eu …
– Ah sim! Pensei que você estava pergunta se eu era o … da …. Pode entrar.

Subo escadas e aprendo o trabalho. Hora de voltar.

O sinal fecha. Um negro faz malabarismos com bolas de ping-pong. Um outro vem em minha direção. “Acho que vai me assaltar”.  Nada.

Esfriou bastante. Minhas blusas fazem sentido. Caminho sem cantar e sem olhar para os lados. Meus passos fazem sentido.

Sob a árvore tem uma mulher. Um cara de barba e boné de uns 26 anos me vê e vem.  Sempre acho que serei assaltado e, nesse intermédio de tempo, entre o pensamento e a ção,  engatilho meu discurso que, na maioria das vezes se resume a “só tenho isso cara”.

– Arruma umas moedas aí para inteirar a pinga maluco.

– Estou sem grana amigo …

Dou dois passos.
– Então descola um cigarro.
– Não fumo mais.  Digo sem parar e completo com uma frase vaga que nem o cara nem eu entendemos direito:

– Vou sempre passar por aqui.